Cristão Adulto – VI

Um cristão praticante

É óbvio demais para se dizer: um cristão adulto é um cristão praticante! Tem de o ser.
E o que é praticar? Literalmente, é exercer, pôr em prática. A prática cristã consiste em pôr em circulação os dons recebidos, em favor da comunidade, dos irmãos. Não é critério suficiente o cumprimento do preceito dominical e demais deveres estipulados. Embora estes preceitos tenham o seu papel imprescindível, pois concentram no essencial e dão força para viver essa nova vida experimentada e saboreada: a comunhão com Deus.

Praticar implica

Praticar implica participar na celebração da Eucaristia dominical: alimentar-se com a Palavra e com o Pão da Vida, reunir-se com os irmãos da Comunidade. Aí o encontro com o Ressuscitado implica necessariamente na «missa», no envio, na missão. Pois a eucaristia como «fonte e cume de toda a vida cristã» é comunhão de vida com Deus e unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é o que é, são significadas e realizadas pela Eucaristia (cf. CCE 1325).
Praticar implica a confissão sacramental, sempre que necessário, mas pelo menos uma vez por ano. Confessar-se é um acto extremamente pessoal e nada rotineiro, que um cristão adulto percebe que se o faz com sinceridade e autenticidade de arrependimento, e firme propósito de conversão sente em si os frutos da graça que perdoa. Exemplo dessa graça é a alegria do regresso do filho pródigo. Por esta prática, o cristão reconcilia-se com Deus e restabelece a comunhão plena que o pecado tinha debilitado. Reconcilia-se também com os irmãos, a quem o pecado tinha espiritualmente afectado, debilitando a comunhão fraterna.
Praticar implica viver ao ritmo do ano litúrgico. A comemoração cíclica dos acontecimentos sagrados, o memorial das maravilhas de Deus, faz com que o cristão celebre no hoje da sua história os grandes acontecimentos salvíficos de Deus em favor do Seu povo, o assuma como seus e os expresse no seu quotidiano, fazendo do ano litúrgico o seu itinerário espiritual, porque o ano litúrgico “é o desenrolar dos diferentes aspectos do único mistério pascal. Isto vale particularmente para o ciclo das festas em torno do mistério da Encarnação (Anunciação, Natal, Epifania), que comemoram o princípio da nossa salvação e nos comunicam as primícias do mistério da Páscoa” (CCE 1171).
Praticar implica entender a existência à luz de Deus, quando caminha ao lado do Ressuscitado e não se limita aos caminhos já percorridos e pré-estabelecidos, geradores de seguranças, mas curtos, muitas vezes no seu alcance. Quando solta as amarras do egoísmo e decide a percorrer caminhos não andados, desconhecidos, na sua existência, está a praticar a sua fé. Choca com os seus limites, sente-se impotente, decepciona-se de si e das suas coisas. Mas no meio da provação e da dor é capaz de gritar com convicção: Deus ama-me.

Mas é missionária
A prática cristã fica assim entrelaçada com a totalidade da vida do cristão. É um encontro permanente entre Deus e o crente, uma vida feita comunhão. O cristão encontra Deus na Palavra e nos Sacramentos, para continuar a encontrá-Lo mais apaixonadamente aí onde Ele não está e onde a Igreja o deve tornar presente; ou de uma forma mais precisa, onde está oculto e quer ser encontrado.
O cristão adulto vive o mandato do Senhor:
“Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra.
Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”(Mt 28, 19-20).

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