Num contexto cultural cada vez mais exigente para a proposta de fé, a catequese assume, gradualmente, uma função missionária. Com efeito, tendo a catequese a missão de anunciar a Palavra de Deus, a fim de despertar a fé nos catequizandos, verifica-se, no entanto, que estes se encontram cada vez menos predispostos para responder ao anúncio do Evangelho.
Assim, a transmissão da Mensagem de Deus, que outrora passava quase espontaneamente de pais para filhos, perdeu no ambiente social e cultural o seu suporte. A catequese assume, cada vez mais, a função de despertar a fé, converter os batizados que não conhecem ou não vivem o cristianismo, levar o evangelho aos afastados. Daí que, já na Exortação Apostólica Christifideles laici, João Paulo II chame a atenção para a necessidade de uma nova evangelização: «Chegou a hora de empreender uma nova evangelização. […] Esta nova evangelização […] destina-se a formar comunidades eclesiais amadurecidas, isto é, comunidades em que a fé se liberte e realize todo o seu significado original de adesão à pessoa de Cristo e ao seu Evangelho […] A Igreja deve, hoje, dar um grande passo em frente na sua evangelização, deve entrar numa nova etapa histórica do seu dinamismo missionário» (ChL 34-35). De facto, a evangelização, cuja finalidade é a de anunciar o Evangelho e dar testemunho dele em todos os momentos, é a missão e a razão de ser da Igreja: «Evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade» (EN 14). Ela existe para tornar presente a experiência de Jesus Cristo e a sua mensagem de salvação, de modo que todo o homem possa descobrir em Jesus o caminho para a verdade.
Podemos, assim, entender a catequese como um momento fundamental do processo evangelizador, uma vez que é graças a ela que o primeiro anúncio da Boa Nova é pouco a pouco aprofundado, desenvolvido, explicado e orientado para a prática cristã. Para tal, é indispensável que a catequese se centre na pessoa de Jesus Cristo e no Seu mistério de Salvação, apresentando-o como Boa Nova, fonte de esperança e de sentido para a vida humana. «Muitos baptizados vivem como se Cristo não existisse … o desafio […] consiste […] em levar os baptizados a converterem-se a Cristo e ao seu evangelho» (EE 47) Deste modo, a catequese deve convidar o batizado a uma atitude de conversão ao Senhor e ao compromisso com o testemunho do Evangelho no mundo, num processo de solidificação e amadurecimento da fé. A catequese é, então, o momento “fundamental” e “prioritário” de evangelização pois lança as bases que podem dar solidez à vida cristã futura (cf. CGD 63-64) dos batizados, conduzindo-os a uma participação ativa na comunidade cristã. Com efeito, toda a atividade catequética tem em vista a inserção do catequizando na vida da Comunidade. O importante, para um cristão, não é saber mais do Evangelho, mas sim dar um testemunho fiel e firme do Evangelho em todos os momentos da sua vida.