Alguém me ouviu! (mante-te firme)

Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar

É como morrer de sede no meio do mar e afogar

Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta

Vocês não ouvem o grito da minha revolta

Choro a rir, isto é mais forte do que pensei

Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei

Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta

É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta

As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço

O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso

O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado

Vagueio sem destino nem sei se estou acordado

O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha

Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha

Às vezes penso se algum dia serei feliz

Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz…

Chorei

Mas não sei se alguém me ouviu

Enão sei se quem me viu

Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde

Vou ser forte e vou-me erguer

E ter coragem de querer

Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei

Nas palavras o conforto

Dancei no silêncio morto

E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde

Vou ser forte e vou-me erguer

E ter coragem de querer

Não ceder, nem desistir eu prometo

Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci

Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui

Se dependesse de mim teria ficado onde estava

Onde não pensava, não existia e não chorava

Sou prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo

Às vezes penso que passo tempo demais comigo

Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar

Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar

Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?

Alguém me diga porque me sinto assim

Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê

Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê

Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso

Mostrem-me a saída deste abismo imenso

Pergunto-me se algum dia serei feliz

Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz…

Chorei

Mas não sei se alguém me ouviu

Enão sei se quem me viu

Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde

Vou ser forte e vou-me erguer

E ter coragem de querer

Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei

Nas palavras o conforto

Dancei no silêncio morto

E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde

Vou ser forte e vou-me erguer

E ter coragem de querer

Não ceder, nem desistir eu prometo

Poder Descansar

Os discípulos colocaram a Jesus o problema do stress e do descanso. Os discípulos regressavam da primeira missão, muito entusiasmados com a experiência e com os resultados obtidos. Não paravam de falar sobre os êxitos conseguidos. Com efeito, o movimento era tanto que nem tinham tempo para comer, com muitas pessoas à sua volta. Talvez esperassem ouvir algum elogio por tanto zelo apostólico. Mas Jesus, em vez disso, convida-os a um lugar deserto, para estarem a sós e descansarem um pouco.

Creio que nos faz bem observar neste acontecimento a humanidade de Jesus. A sua acção não dizia só palavras de grandeza sublime, nem se afadigava ininterruptamente por atender todos os que vinham ao seu encontro. Consigo imaginar o seu rosto ao pronunciar estas palavras. Enquanto os apóstolos se esforçavam cheios de coragem e importância que até se esqueciam de comer, Jesus tira-os das nuvens. Venham descansar! Sente-se um humor silencioso, um a ironia amigável, com que Jesus os traz para terra firme. Justamente religiosa não condiz com a visão do homem do Novo Testamento. Sempre que pensamos que somos insubstituíveis; sempre que pensamos que o mundo e a Igreja dependem do nosso fazer, sobrestimamo-nos. Ser capaz de parar é um acto de autêntica humildade e de honradez criativa; reconhecer os nossos limites; dar espaço para respirar e para descansar como é próprio da criatura humana.

Não desejo tecer louvores à preguiça, mas contribuir para a revisão do catálogo de virtudes, tal como se desenvolveu no mundo ocidental, onde trabalhar parece ser a única atitude digna. Olhar, contemplar o recolhimento, o silêncio parecem inadmissíveis, ou pelo menos precisam de uma explicação. Assim se atrofiam algumas faculdades essenciais do ser humano.

O nosso frenesim à volta dos tempos livres, mostra que é assim. Muitas vezes isso significa apenas uma mudança de palco. Muitos não se sentiriam bem se não se envolvessem de novo num ambiente massificado e agitado, do qual, supostamente, desejavam fugir. Seria bom para nós, que continuamente vivemos num mundo artificial fabricado por nós, deixar tudo isso e procurarmos o contacto com a natureza em estado puro.

Desejaria mencionar um pequeno acontecimento que João Paulo II contou durante o retiro que pregou para Paulo VI, quando ainda era Cardeal. Falou duma conversa que teve com um cientista, um extraordinário investigador e um excelente homem, que lhe dizia: “Do ponto de vista da ciência, sou um ateu…”. Mas o mesmo homem escrevia-lhe depois: “Cada vez que me encontro com a majestade da natureza, com as montanhas, sinto que Ele existe”.

Voltamos a afirmar que no mundo artificial fabricado por nós, Deus não aparece. Por isso, temos necessidade de sair da nossa agitação e procurar o ar da criação, para O podermos contactar e nos encontrarmos a nós mesmos.

Card. J. Ratzinger

Viver um cristianismo com piada

O cristianismo não é propriamente conhecido por ser a religião da alegria, e é uma pena.

Se dissermos que Deus é Amor, ninguém se espanta. A afirmação tornou-se até um pouco banal à força da repetição. Mas se dissermos que Deus é Humor, ficamos em estado de alerta, porque nos parece que alguém está a tentar entrar, no território de Deus, “pela entrada dos fundos” e não pela “porta principal”. A verdade é que o Amor não dispensa o Humor.

O cristianismo não é propriamente conhecido por ser a religião da alegria, e é uma pena. «O cristianismo seria muito mais credível se os cristãos vivessem em alegria», escreveu Nietzsche, e não podemos dizer que sem razão. O nosso testemunho fica muitas vezes refém de uma gravitas insonsa. Esquecemos demasiado o Evangelho da alegria que arrisca-se a tornar uma espécie de tópico marginal.

Por exemplo, quando citamos uma frase bíblica, raramente ela diz respeito à alegria. E, no entanto, a Bíblia é uma espécie de gramática do Humor de Deus. Por incrível que pareça, aquela biblioteca tão séria é também hilariante e está cheia de risos, embora esta dimensão seja, entre nós, escassamente referida. Há páginas que constituem um puro alfabeto da Alegria e muitos momentos que só são compreendidos por quem arriscar sorrir. É que a Revelação de Deus propaga-se numa dinâmica que é claramente jubilosa. Talvez tenhamos de levar mais a sério o verso brincado que o Salmo 2 nos segreda: «O que habita nos Céus, sorri». Ou perceber que a expressão crente é chamada a desenvolver-se como uma coreografia festiva, à maneira do que descreve o Salmo 33: «Alegrai-vos no Senhor, louvai o Senhor com cítaras e poemas, com a harpa das dez cordas louvai o Senhor; cantai-lhe um cântico novo, tocai e dançai com arte por entre aclamações».

O humor abre espaço nas nossas vidas à surpresa. Rimo-nos porque, sem esperarmos, uma palavra cheia de graça vem ao nosso encontro. Na verdade, também a Fé não é, de todo, uma experiência previsível, um mapa prévio muito detalhado, mas uma abertura ao inesperado de Deus que nos convoca.

Chuva

Dedico a todos aqueles que me marcam a alma…
Às alegrias que me fazem viver e àqueles que fazem sofrer, por não me conseguirem fazer esquecer que eles não são tudo.

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai… meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Hallelujah

Dedicada aos Heróis que estão a fazer o Curso Geral de Catequese, na Arquidiocese de Braga.

I heard there was a secret chord

That David played and it pleased the lord

But you don’t really care for music do ya

It goes like this, the fourth the fifth

The minor fall and the major lift

The baffled king composing, hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Your faith was strong but you needed proof

You saw her bathing on the roof

Her beauty and the moonlight overthrew ya

She tied you to her kitchen chair

She broke your throne, and she cut your hair

And from your lips she drew the hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well, maybe there’s a God above

But all I ever learned from love

Was how to shoot at somebody who outdrew ya

And it’s not a cry that you hear at night

It’s not somebody who’s seen the light

It’s a cold and it’s a broken hallelujah

Hallelujah …