Encontro de Catequistas das Dioceses do Centro

Este é o texto que servio de apoio à minha apesentação

O que é a catequese
A catequese é uma acção ecclesial, é a Igreja no seu todo que faz a catequese, cumprindo a sua missão de ser continuadora da missão de Jesus Cristo: levar a Boa Nova a todos os povos. A Igreja, animada pelo Espírito Santo, conserva no seu coração, anuncia, celebra, vive e transmite o Evangelho através da catequese (Cf DV 8).
A comunidade eclesial é a origem porque o catequista não actua em nome próprio, mas em nome da comunidade cristã e, por isso, em nome de toda a Igreja(Cf EN 60). O catequista pode e deve dizer como São Paulo: “Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi” (1Cr 15,3). Este anúncio não pode prescindir da família, do ambiente em que o catequizando vive. Quando falamos em família – como principal transmissora da fé – referimo-nos à família cristã que “tem uma função primária, porque nela se pode realizar o anúncio da fé num clima de acolhimento e de amor, que, melhor do que qualquer outro, confirma a autenticidade da Palavra” (DGC 188). Contudo é preciso ter em conta que muitas famílias não são cristãs, no sentido de que são incapazes de transmitir a fé, por variadíssimas razões. Aqui, o catequizando há-de ser acolhido por uma comunidade cristã, onde encontre um clima fraterno e acolhedor, que lhe faça ver a alegria de ser cristão, capaz de lhe suscitar o desejo de seguir Jesus Cristo. O grupo de catequese, como grupo primário, é uma boa porta de entrada na família paroquial.
A comunidade é o âmbito ou lugar normal da catequese. É como o seio materno onde se gera o homem novo, por meio da Palavra e dos Sacramentos de Iniciação cristã. O testemunho da comunidade é fundamental: a catequese transmite com mais facilidade aquelas realidades e vivências que realmente existem na comunidade.
A meta da catequese é também a comunidade, pois é esta que acolhe os que são iniciados na fé. A catequese correria o risco de se esterilizar se não houvesse uma comunidade viva que acolhesse cada catequizando. Por isso, a comunidade é duplamente responsável: tem a responsabilidade de catequizar cada um dos seus membros; e também de os acolher, de modo a que possam viver o mais plenamente unidos Àquele a quem aderiram (Cf CT 24). Por último, é a catequese que renova a comunidade, pois através da Iniciação cristã a Igreja gera filhos no Filho e conduz à maturidade da fé tanto das comunidades como de cada fiel (Cf DGC 21).
Depois do acima dito torna-se claro que a catequese, se quer cumprir os seus objectivos, tem de introduzir o catequizando na vida da comunidade, fazendo dela a sua comunidade de referência.

Finalidade da catequese
O objectivo da catequese é levar cada catequizando não só a um contacto, mas a uma comunhão e intimidade com Jesus Cristo(Cf CT 5). Pela sua própria natureza, “a comunhão com Jesus Cristo impulsiona o discípulo a unir-se a tudo aquilo a que o mesmo Jesus Cristo se sentiu profundamente unido: a Deus seu Pai, que o enviara ao mundo; ao Espírito Santo, que lhe dava força para a missão; à Igreja, Seu corpo, pela qual Se entregou; e a toda a humanidade, Seus irmãos e irmãs, de cuja sorte quis partilhar” (DGC 81).
A comunidade, família de famílias, tem um lugar de destaque, pois são precisas comunidades que mostrem a fé em que acreditam e acolham aqueles que querem aderir a Cristo. A vida litúrgica e de comunhão, o testemunho alegre e o acolhimento caloroso, são expressões de comunidades missionárias que convocam à fé e geram espaços de acolhimento para aqueles que querem aderir ao Reino de Deus.

Tarefas da Catequese
Para que a pessoa se realize precisa de encontrar um horizonte de sentido. Trata-se de descobrir a dimensão mais profunda da pessoa, aí onde se descobre como que uma abertura ao infinito. Dizer que a pessoa sai de si, é dizer que a pessoa é um ser de relações: ser que se questiona; que reflecte; e que procura a sua origem e o seu fim, para se realizar como pessoa. Nós, crentes, sabemos que só em Cristo se pode encontrar a realização plena.
Para conseguir este objectivo, a catequese deve seguir o modo como Jesus formava os seus discípulos, realizando estas tarefas fundamentais: conhecer as dimensões do Reino, ensinar a orar, transmitir atitudes evangélicas e iniciar à missão (Cf DGC 82-87).
A catequese é responsável por educar nas diversas dimensões da fé: a fé professada; a fé celebrada; a fé vivida; e a fé rezada, tudo inserido numa comunidade e com sentido missionário. Neste processo de educação da fé há intervenientes que têm um lugar de destaque. São eles a família e a comunidade cristã.
O conhecimento da fé: a catequese deve conduzir à apreensão de toda a verdade do desígnio salvífico de Cristo. A compreensão da Sagrada Escritura, do Credo e demais documentos da fé da Igreja expressa e realiza esta tarefa.
A educação litúrgica: a comunhão com Jesus Cristo leva à celebração da Sua presença nos sacramentos, pelo que a catequese “além de favorecer o conhecimentos do significado da liturgia e dos sacramentos, deve educar os discípulos de Jesus Cristo ‘para a oração, para a gratidão, para a penitência, para as preces confiantes, para o sentido comunitário, para a percepção justa do significado dos símbolos…’, uma vez que tudo é necessário, para que exista uma verdadeira vida litúrgica”(DGC 85).
A formação moral: A conversão a Jesus Cristo tem como consequência que o discípulo siga o caminho do Mestre. A catequese deve favorecer uma educação que propicie ao catequizando atitudes próprias do cristão, que lhe transmita a vida em Cristo, concretizada em atitudes e opções morais.
Ensinar a rezar: A comunhão com Jesus Cristo leva a que os seus discípulos assumam o carácter orante e contemplativo do Mestre, conseguindo, deste modo, que a vida cristã seja vivida em profundidade. Aprender de Jesus a sua atitude orante “é rezar com os mesmos sentimentos com os quais Ele se dirigia ao Pai: a adoração, o louvor, o agradecimento, a confiança filial, a súplica e a contemplação da Sua glória”(DGC 85).
Educar para a vida comunitária: A educação para a vida comunitária implica que o catequizando tenha condições para se ir envolvendo de uma forma progressiva na vida da comunidade, assumindo responsabilidades e comprometendo-se com esta. Para isso, a catequese deve fomentar atitudes próprias (Cf DGC 86).
A iniciação para a missão: Só se adquire a maturidade da fé quando se tem capacidade e necessidade de testemunhar essa mesma fé, nas diversas circunstâncias da vida. A catequese, ao educar para o sentido missionário, capacita os discípulos para a sua missão na sociedade, na vida profissional, cultural e social.


Primeira fase

O objectivo da catequese é a iniciação à vida cristã, aprendida, celebrada e praticada, sempre com referência a uma comunidade de fé, que celebra a presença e acção de Deus nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, vértice e fonte da vida cristã. Assim, a catequese insere-se num processo global de Iniciação Cristã;
Considera-se que o cristão está plenamente iniciado na vida eclesial (maturidade da vida cristã e conhecimento doutrinal), quando receber os três Sacramentos da Iniciação Cristã (Baptismo, Eucaristia e Confirmação).
A catequese da infância apresenta condições muito favoráveis à introdução das pessoas na fé cristã e na vida da Igreja. As crianças que começam a frequentar a catequese paroquial participam, muitas pela primeira vez, na vida e na acção da Igreja.
O 1º, o 2º e o 3º ano do itinerário catequético visam o despertar religioso, a iniciação à fé cristã da criança, o iniciar da sua adesão a Jesus Cristo, a sua inserção e acolhimento na comunidade e a celebração de alguns sacramentos: o Baptismo (para quem ainda não tem) e Reconciliação e a Eucaristia, para os já Baptizados.

Objectivos da primeira fase:
– Aderir a Cristo pelo conhecimento e a vivência do Mistério Cristão.
– Inserir-se gradualmente na vida litúrgica da Igreja: oração, descoberta do Baptismo, preparação para a celebração da Eucaristia e da Reconciliação
– Desenvolver atitudes de fé como resposta ao amor de Deus
– Aprender a ser cristão ou discípulo de Jesus e integração progressiva na comunidade cristã.

A primeira fase constitui a etapa da “Iniciação ao itinerário catequético”. É um tempo de acolhimento, por parte da comunidade cristã e especialmente do catequista, e de apresentação global e simples do mistério cristão em ordem à inserção na vida da Igreja.

● No primeiro ano as crianças vão descobrindo na amizade do catequista e no carinho da comunidade cristã, os sinais mais visíveis de que Jesus também gosta muito delas. Vão tomando consciência de que pertencem a uma família maior do que a sua: a Família de Deus.
Com o primeiro Catecismo – “Jesus Gosta de mim”- inicia-se a criança na experiência de se saber e sentir amada por Jesus. Espera-se que a esta descoberta a criança responda, como que naturalmente, com simpatia, alegria e gratidão. Aqui, já será capaz de viver com Jesus uma amizade feliz.
No centro da catequese do 1º Ano está Jesus, como Amigo, Jesus com a Sua Mãe, que também é nossa Mãe, Jesus que nos faz confidência das palavras de Deus e nos ensina a rezar ou a conversar com Ele, tratando-O filialmente como Pai. As crianças irão conhecer amigos de Jesus, os seus discípulos. Será revelado às crianças o rosto de Jesus tão Amigo. Irão ter consciência que ao serem baptizados, são introduzidos na família de Deus.

1º Ano: “Jesus gosta de mim” (objectivos)
– Fazer a experiência de um bom acolhimento eclesial, proporcionado pelos catequistas e por toda a comunidade cristã.
-Ajudá-las a conhecer, de modo vivencial e de acordo com as suas capacidades, alguns dos principais mistérios da fé cristã: Deus, Criador e Amigo que cuida de nós: Jesus, na sua relação única com o Pai e o Espírito Santo; a Igreja, família de Deus.
-Motivá-las para a adesão a Jesus e a celebração da fé na comunidade cristã, levando-as a participar na sua vida litúrgica e experiência de oração.
-Ajudá-las a assumir atitudes de louvor, de gratidão e de amor a Deus e aos irmãos.

● Durante o primeiro ano as crianças foram sendo iniciadas na vida dos cristãos, isto é, dos membros da “família de Deus”, da comunidade eclesial. Durante o segundo ano irão alargar e aprofundar o conhecimento de Jesus e a relação com Ele. À certeza da presença amiga de Jesus seguir-se-á, como que naturalmente e por consequência, a proposta pessoal: estar com Jesus.
O centro da catequese deste ano é, de novo, Jesus. Na Sua vida e nas suas obras, é Jesus que se manifesta como verdadeiro homem e verdadeiro Deus, isto é, como o Filho de Deus feito homem e, por isso, o Emanuel ou “Deus connosco”.
As crianças serão levadas a redescobrir e a celebrar, em comunidade, que Jesus Cristo, está vivo e vive connosco, o Espírito Santo, na acção de fazer de nós Filhos de Deus, irmãos em Cristo, e membros da Igreja, principalmente pelo Baptismo.

2º Ano: “Ensina-nos a rezar” (objectivos)
– Proporcionar às crianças, um maior conhecimento de Jesus, como Filho de Deus, em ordem a um encontro mais pessoal e íntimo com Ele.
– Levá-las a descobrir que o Pai de Jesus é também nosso Pai e que, por isso, em união com Jesus somos todos irmãos.
– Aprofundar a sua adesão a Jesus e a sua experiência de fé na comunidade cristã a que pertence, continuando a integrá-las na vida litúrgica e de oração.
– Ajudá-las a assumir atitudes de escuta, obediência, respeito, verdade e amor a Deus e aos irmãos.

● No terceiro ano, a primeira apresentação de Jesus vai ser alargada, através da escuta mais frequente e abundante da Palavra de Deus, na Sagrada Escritura do Antigo e do Novo Testamento. Irá ser aprofundada a resposta a Ele, dada através do desenvolvimento do gosto e da alegria em O seguir, em estar com Ele, isto é, em ser discípulo de Jesus e viver a Sua Vida, participando activamente, segundo a sua capacidade, na vida da Igreja.
As crianças atingirão três objectivos essenciais: ser discípulo de Jesus na Igreja, celebrar a presença salvadora de Jesus nos sacramentos e comprometer-se a dar testemunho de Cristo e a construir o Reino de Deus, tornando o mundo melhor segundo o Seu projecto de salvação de todos. Terão consciência que ser discípulo de Jesus é seguir Jesus na Igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus, os baptizados. Ser discípulo de Jesus é reconhcê-lO na vida e nas acções da Igreja e celebrar a sua presença no meio de nós, através da participação activa, consciente e frutuosa dos Sacramentos da Sua graça. As crianças irão redescobrir o sentido e a força dos sacramentos da Iniciação Cristã, isto é, do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia; irão também continuar a aprofundar os sacramentos da «vida quotidiana», ou sejam, o da Eucaristia, como Comunhão, e o da Penitência ou do Perdão; e, a pouco e pouco, tomarão o primeiro contacto com os restantes sacramentos.

3º Ano: “Queremos seguir-Te” (objectivos)
– Experimentar e descobrir que o seguimento de Jesus implica ser Cristão em Igreja.
– Aprofundar o mistério cristão já iniciado na fase anterior.
– Descobrir e viver os sacramentos como sinais da presença do Ressuscitado no meio de nós.

A aplicação está aqui.

Jornadas Nacionais de Catequistas – Catequistas do 4º ao 6º Ano

Estão-se a realizar em Fátima, de 23 a 25 de Janeiro, as Jornadas Nacionais de Catequistas.
Nelas, coube-me realizar um dos Grupos de Trabalho Orientado, «Perspectivas sobre uma pedagogia bíblica para a catequese. Catequistas do 4º ao 6º Anos».
Conforme prometido, deixo aqui a aplicação que projectei e o texto que lhe serviu de base.
Não é um texto científico, muito menos pelo rigor das citações. É simplesmente o rascunho que eu faço antes de cada aplicação. É só para ser entendível cada um dos slides.

Intuições de Paulo para a Pastoral

Neste Ano Paulino, colo aqui um texto que veio na Ecclesia, mas que é de uma profundidade e densidade digna de registo. Para mais, é da autoria de um evangelizador exímio: D. António Couto!

As grandes intuições, que o Apóstolo Paulo nos deixa, para uma verdadeira arte pastoral, perante a urgência de uma nova evangelização.

Assim:

1. Aprendemos de Paulo a sermos primeiramente “de Cristo”, “agarrados por Ele” ensinados por Ele, tendidos para a frente e estendidos para Ele, como recebedores da sua graça, como se em tudo o que somos e fazermos, vivêssemos permanentemente «agrafados a Ele», até nos tornarmos seus imitadores.

2. Aprendemos de Paulo a sermos homens de uma só coisa, a tempo inteiro, concentrados e orientados completamente para Cristo, “como uma seta directa a uma meta, a um alvo, a um objectivo tão intenso e claro, que na vida de cada um só poder haver um”. Hão-de ser as coisas de Deus e as coisas da comunidade a merecer o nosso zelo pastoral.

3. Aprendemos de Paulo, que somos o que somos, pela graça de Deus e que o nosso apostolado decorre dessa graça, que é, para nós, como para o Apóstolo, a verdadeira nascente da vida quotidiana. Há-de dizer-se de nós, como de Paulo, que “a sua vida privada era a apostólica”. Somos chamados a levar, por diante, uma evangelização vivida e afectiva, personalizada e a tempo inteiro e até ao fim.

4. Aprendemos de Paulo que a evangelização deve começar, não tanto por apresentar ideias, mas por proporcionar encontros, de modo a facilitar “o encontro” das pessoas com Cristo, como base da identidade e da missão de cada cristão, num mundo paganizado, insensibilizado, de braços caídos, ao qual é preciso levar o lume de Cristo!

5. Aprendemos de Paulo a correr mais por dentro, e não “a correr por fora”, “a correr agarrados, numa mão a Cristo e noutra apertando a de um irmão e outro irmão, como uma verdadeira multidão em comunhão”. Cristo há-de ser aquele que a todos une, que a todos nos hifeniza, isto é, que a todos nos liga, em rede de comunhão. Importa despertar e formar a consciência de todos os membros da Igreja, para que se sintam verdadeiramente “comunidade dos chamados”, grupo dos escolhidos por Deus e que respondem ao seu chamamento.

6. Aprendemos de Paulo que ninguém evangeliza sozinho, decorrendo daí a absoluta necessidade de chamar, apoiar e formar muitos e bons cooperadores, com uma metodologia de evangelização, assente numa relação personalizada, íntima e calorosa, coração a coração. O título de cooperadores mostra que no trabalho de evangelização não há trabalhadores solitários, por conta própria.

7. Aprendemos de Paulo a dar testemunho de Cristo, com uma dedicação maternal e paternal, a cada um e a tempo inteiro, “gerando” filhos, dando-os à luz na dor, acalentando-os, exortando-os um a um, portanto, com tempo e total dedicação, persistência, paciência e zelo.

8. Aprendemos de Paulo, que as nossas relações pessoais e pastorais hão-de ser sempre quadrilaterais: cada um evangeliza sempre com os outros, está ao serviço de uma comunidade, como servidor da sua alegria, e todos estão unidos pelo mesmo amor de Cristo, que ama e chama cada um. “Cooperadores precisam-se, para formar uma rede de evangelizadores. Já ouvistes chamar pelo teu nome”?!

9. Aprendemos de Paulo que a missão é «obra da graça» e «trabalho de amor» e que este trabalho, não se faz sem luta! Trabalhamos e lutamos, ou trabalhamos lutando, esperando também do Povo de Deus, que “lute connosco, nas orações”!

10. Aprendemos de Paulo a valorizar a «casa» e a família, como lugar e protagonista da evangelização, aprendendo, daí, a construir também a «casa da Igreja», como novo espaço relacional, verdadeira família de Deus. Em conclusão, sabemos que o nosso serviço de evangelização já não pode consistir simplesmente em evangelizar o outro, até um certo ponto (até ser crismado, por exemplo) mas em evangelizá-lo, até que ele, enamorado de Cristo, sinta a necessidade de se constituir em evangelizador.

HOME E viu Deus que era muito bom… (Cf Gn 1, 31)

Depois de um amigo ter partilhado comigo este filme, não posso deixar de o mostrar, deixando ecoar em mim os textos do Génesis quando nos falam da Criação e do consequente compromisso ecológico de cada cristão.

Home é um filme da autoria do realizador francês Yann Arthus-Bertrand, é constituído por paisagens aéreas do mundo inteiro e pretende sensibilizar a opinião pública mundial sobre a necessidade de alterar modos e hábitos de vida a fim de evitar uma catástrofe ecológica planetária.

O filme na íntegra (1:58’18’’), dobrado em português e com qualidade HD pode ser visto aqui.

Há ou não um cavalo na história de Paulo?

Não se sabe.

Pelo menos nenhum texto dos Actos ou das Cartas o refere. Mas se nos fizessem a pergunta, e sem pensar muito, quase todos diríamos que sim. Simplesmente porque a tradição iconográfica representou o Apóstolo dessa maneira, e numa intensidade tão impressiva, que estávamos prontos a jurar ter lido em qualquer passo acerca dele. Há, de facto, um inesquecível cavalo, mas nas imagens de Dürer, Miguel Ângelo, Tintoretto, Rubens, Parmigianino… – uma lista interminável! Frequentemente referido é o da pintura de Caravaggio [na ilustração] , intitulada “Conversão de São Paulo”: Paulo surge caído por terra, com os braços abertos e levantados, como quem acolhe o invisível; os olhos completamente cerrados, ligados agora a um outro entendimento. E, no centro, um cavalo imenso, a deslocar-se suavemente para fora de cena, como se não fosse já necessário, ou adivinhasse que começava, precisamente aqui, outro tipo de viagens para o seu cavaleiro derrubado.
Se o texto bíblico não alude à presença de um cavalo, como se chegou a essa representação? Há um motivo que joga com aquilo que o relato não diz, mas que é previsível (de facto, o cavalo seria um meio de transporte utilizado). E há uma importante razão simbólica. O texto de Actos 9 conta que Paulo “respirava ameaças e mortes contra os discípulos do Jesus” e foi pedir ao Sumo Sacerdote “cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, se encontrasse homens e mulheres que fossem desta Via, os trouxesse algemados para Jerusalém”. O seu retrato é, portanto, o de um homem investido de força, acorrentado a uma convicção implacável. Ora o que a narrativa vai, em seguida, mostrar é a prostração e a fragilidade de uma personalidade assim perante a revelação de Jesus (“Saulo, Saulo, porque me persegues?”). Os textos bíblicos não dizem que Paulo tombou de um cavalo, apenas que “caiu por terra”. Mas interpretando a reviravolta que este encontro provocou, artistas e comentadores espirituais não hesitaram em enfatizar esta queda. A globalidade da história de Paulo mostra que estão certos.

Cristão Adulto X

Cristão Dialogante

Um cristão adulto procura, quer e esforça-se pelo diálogo com todos, nomeadamente com aqueles que procuram em Deus o sentido último da sua existência. O diálogo, como movimento de aproximação é o processo de busca da unidade. Esta unidade através do diálogo com outros Credos denomina-se ecumenismo, quando realizado entre cristãos, e diálogo inter-religioso quando a busca de aproximação é feita com crentes de outras religiões não cristãs.
O ecumenismo e o diálogo inter-religioso são um assunto fascinante e desafiador. Abordar estas questões requer, antes de mais, um exercício de despir-se de preconceitos ou qualquer outro tipo de resistência. Mas, acima de tudo, urge sinceridade e clareza nas nossas convicções e posições.
Há aspectos que são meramente circunstanciais, fruto de um percurso da história humana num determinado espaço e num determinado tempo, mas há coisas que são fundamentais e, abdicando delas, abdica-se do essencial da fé no Deus verdadeiro, que tem a plenitude da Sua revelação em Jesus Cristo. É o próprio Senhor Jesus que nos pede um caminho em direcção à unidade quando diz: «que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste»(Jo 17, 21).

No diálogo a Igreja torna-se mais fiel
O esforço pela unidade realiza a própria renovação da Igreja, na fidelidade à sua própria vocação: ser Sacramento Universal de Salvação.
Mas não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação da mente, da abnegação de si mesmo e do livre exercício da caridade. Por isso, o cristão adulto implora do Espírito divino a graça da sincera abnegação, humildade e mansidão em servir, e da fraterna generosidade para com os outros.
O Concílio Ecuménico Vaticano II exortava os crentes, dizendo que «tanto melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos quanto mais se esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho. Porque, quanto mais unidos estiverem em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguirão aumentar a fraternidade mútua» (UR 7).
Contudo, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso não parte do princípio de que todas as opções religiosas são iguais e de que, acreditando que todas as pessoas de boa vontade se salvem pela misericórdia de Deus, todas as opções são iguais e que haveria que encontrar uma religião universal que englobe toda a Humanidade.

O diálogo como testemunho da Verdade
O cristão adulto sabe que só Jesus Cristo é o autêntico e único Salvador, que nos conduz à verdadeira fé, à fé plena, à autêntica verdade sobre Deus.
Assim, um cristão que se esforça pelo diálogo fá-lo a partir de alguns pressupostos básicos:
– sabe que a fé não é apenas uma relação individual ou individualista com Deus, é também a inserção na Comunidade dos crentes, na Igreja de Jesus Cristo, espaço onde se recebe, cresce e vive a fé;
– embora a fé cristã pressuponha um certo conhecimento é mais do que isso, é o acolher Jesus na vida, é o entregar a uma comunhão com Ele e, por Ele, a toda a Humanidade;
– a fé cristã é também histórica, isto é, Deus revelou-se na história da Humanidade, por diversas etapas, é na história que a pessoa escuta Deus e lhe responde e, por último, é na história pessoal de cada um que se vai experimentando, de forma imperfeita, a salvação que esperamos viver plenamente quando o tempo e o espaço já não tiverem influência sobre nós;
– a fé, por comunhão com o Deus Trino, é um estado sempre inacabado porque o Deus Amor permite sempre uma maior inserção no Seu Mistério, por isso é vivência da autêntica fé, a fé cristã, é sempre um mistério inesgotável.
No diálogo com as outras opções espirituais, o cristão adulto não esquece que vive a fé englobando a sua inteligência, afecto e vontade, por isso uma fé profundamente humana. Fé essa que engloba a totalidade da pessoa, com tudo que isso implica. A sua fé é um dom de Deus, que se procura diariamente aprofundar e cultivar.
Por isso, o diálogo não é para ‘ganhar’ novos adeptos, nem para ‘vencer o inimigo’, é antes uma consequência de se ter descoberto o Verdadeiro Deus, que é a Verdade, e a necessidade de O anunciar, tornando-o presente através da nossa acção.

Natal!

O Natal parece cada vez mais uma palavra escrita na água.
Mas os tempos de crise são, também, o tempo favorável para os contos de fadas, para o regresso ao artesanato de viver, para a atenção. E a atenção é o único caminho para o inexprimível, a única via para o mistério.
O Natal é, assim, aquela época da beleza em fuga, da graça e do mistério prestes a desaparecer e que, por isso mesmo, certos homens nunca renunciam…

PowerPoint’s úteis!?!?

O recurso às novas tecnologias tem sido, nos últimos tempos, um excelente contributo para dinamizar a acção de catequizar, nomeadamente na formação de catequistas.
As suas virtualidades e potencialidades são por demais evidentes. Um bom uso do PowerPoint faz com que a comunicação a realizar se torne mais clara e o fio condutor mais e perceptível.
Contudo, tem-se vindo a observar uma dificuldade que eu sintetizaria nesta frase: quando tenho pouco a dizer, exagero no aspecto gráfico.
Pelo que uma boa apresentação começa sempre por um sintetizar de ideias e conteúdos a transmitir, que depois coloco na apresentação. Nunca se fará uma boa formação, e muito menos catequese, se pego numa aplicação de PowerPoint e me limito a lê-la. Ou, pior a ianda, a ler uma aplicação que eu não fiz.

É com esta ressalva que partilho alguns link’s que têm aplicações muito completas.
Cabe a cada um de nós ver, utilizar o que nos serve. Mas quando apresentarmos que seja uma aplicação que já a fizemos nossa.

https://inicteol2.googlepages.com/60aulas
https://inicteol2.googlepages.com/catequese-infantil
https://klappiquiz.googlepages.com/

Estes link’s estão divulgados na página: https://www.montemuro.org/portal/

Cristão Adulto – IX

Homem e Mulher, Deus os criou!

Depois de ter abordado alguns aspectos, que eu considero fundamentais para que um cristão se possa considerar adulto, vou debruçar-me sobre aspectos, aparentemente de fronteira. Daqueles que podem fazer a qualidade de uma vida cristã e que são, a maior parte das vezes, descuidados por se considerarem assumidos à partida. E não é bem assim.
Começo por me referir ao lugar da mulher na vida cristã, e faço-o pela mão do Mestre. De facto, Jesus, num ambiente tremendamente patriarcal, age com as mulheres de modo diferente.

Mulher marginalizadaAs senhoras estavam marginalizadas em, pelo menos, três âmbitos: sexual, social e religioso.
No âmbito sexual, e por causa das normas de pureza, as mulheres estavam muitas vezes marginalizadas da restante comunidade – sobretudo religiosa –, o que provocaria graves danos na auto-estima e realização de cada uma delas. Mas Jesus age de modo diferente: admite-as como discípulas (Lc 8,1-3); fala com elas em público (Jo 4, 27); e num grande desafio aos preceitos do seu tempo restitui dignidade ao funcionamento corporal feminino, veja-se o caso da hemorroísa (Mc 5, 21-43).
A marginalização social da mulher empurrava a mulher para dentro de casa, para as lides domésticas, retirando-lhes responsabilidades sociais, políticas, jurídicas e religiosas. Jesus, por seu turno, reage tratando cada mulher como pessoa de facto, em igualdade com o varão. Veja-se o caso dos paralelismos nas parábolas: a mulher introduz o fermento na farinha (Mt 13,33) o varão semeia o grão de mostarda (Mt 13, 18-19); ou então o amigo inoportuno que pede pão durante a noite (Lc 11, 5-8) que corresponde com a viúva impertinente que pede ao juiz que se faça justiça (Lc 18, 1-8). A maneira de Jesus entender a actividade feminina iguala-a com a do varão. Jesus transforma as mulheres nas primeiras testemunhas da ressurreição, desafiando, assim, a concepção segundo a qual a mulher não era capaz de dar testemunho válido (Mc 16,7).
A nível religioso, a mulher estava secundarizada: não tinha acesso ao estudo da Torah, nem ao Templo e nem às outras realidades religiosas. As inúmeras prescrições legais de pureza ritual pelas quais tinha de passar dificultava-lhe ainda mais a sua realização como sujeito religioso adulto de pleno direito. Mas Jesus com as suas palavras e gestos erradica estas situações de injustiça. As mulheres participam no Reino de Deus em igualdade de condições com o varão. Veja-se o paralelismo da confissão de fé entre Marta (Jo 11,27) e Pedro (Jo 6, 69). Os textos pascais dão testemunho desta igualdade entre as mulheres e os varões, pois estão presentes nos momentos mais densos. É uma mulher que unge Cristo como profeta em Betânia (Mc 14, 3-9), são as mulheres que estão no lugar da Morte de Jesus Cristo (Mc 15, 40-41) e no Evangelho segundo São Marcos vê-se claramente a vinculação das mulheres ao discipulado e seguimento de Jesus, e são elas que primeiro dão testemunho da Ressurreição de Jesus.
No fundo, a síntese está em São Paulo quando diz: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus. E se sois de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa” (Gl 8, 28).

Complementaridade imprescindível
Chegados aqui, vemos que a complementaridade entre os dois géneros é o único caminho a seguir, sem qualquer subjugação ou subordinação.
Contudo, na história da Igreja, no seu esforço de realização histórica do projecto de Deus, nem sempre foi assim, porque o esforço de institucionalização esclesiástico levou a que se esquecessem algumas das realidades acima referidas. As necessidades de adaptação ao meio cultural envolvente prevaleceram para que sobrevivessem a disciplina e a boa ordem. Cada pessoa é fruto também do seu tempo… E hoje podemos dizer com convicção que a mulher precisa de ser mais reconhecida e valorizada dentro da nossa sociedade e também dentro da Comunidade eclesial.
Considero que a Igreja ficou privada de uma dimensão muito importante – a dimensão feminina – que empobrece a sua mediação histórica de Corpo de Cristo, porque se não contar com a presença de todos os fiéis, vê-se incompleta na sua missão.

Que as falsas imagens de Deus e a má compreensão da relação entre mulher e varão, juntamente com o nosso pecado, não nos continue a impedir de ver com clareza a beleza da Criação: “Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher” (Gn 1,27).

Cristão Adulto – VIII

Novos movimentos eclesiais

Uma das características de um cristão adulto é a sua capacidade de se relacionar com os «novos movimentos eclesiais», de os respeitar e considerar, ou então de fazer parte de um deles, recebendo daí o acompanhamento necessário para ser um cristão maduro.
Estes movimentos chamam-se ‘novos’ para diferenciá-los de qualquer outra forma de associação laical e denominam-se ‘movimentos’, porque são uma expressão profunda do movimento eclesial, da Igreja movimento, mais do que uma actividade. São ‘eclesiais’ porque podem pertencer a eles cristãos provenientes das três vocações: leigos, consagrados e ordenados. Se bem que na sua grande maioria estão compostos por cristão leigos.

Identidade dos novos movimentos eclesiais
Estes movimentos são considerados como verdadeiros carismas do Espírito para o tempo presente. Têm a característica de estarem dotados de uma certa imprevisibilidade, mutabilidade, assombro, profunda novidade, gratuidade e liberdade. Não podia ser de outra forma, ao serem expressão da acção do Espírito Santo na Igreja.
Cada crente, ao contactar com esta realidade, procurará que se verifiquem, com qualidade e coerência, as seguintes características:
– Que sejam realidades eclesiais novas, preferentemente laicais, diferentes das precedentes ou contemporâneas associações laicais;
– De origem carismática, pois pertencem à vida e dinamismo da Igreja, não à sua estrutura ou dimensão institucional. Não vêm dadas, surgem inesperadamente conforme a liberdade e a imprevisibilidade do Espírito Santo;
– Com um forte impulso missionário numa sociedade secularizada. Têm como tarefa principal a missão no mundo, no qual se situam como testemunhas daqueles valores cristãos que o vendaval secularista arrasou;
– Nascidas em torno de um fundador, que é caminho para Cristo, embora tenha forte personalidade carismática, que exerce uma forte atracção, testemunha privilegiado da fé, com uma oferta atraente e significativa, porque pessoa do Espírito;
– Com uma doutrina, espiritualidade e metodologias próprias, inseridas dentro do grande tesouro que é a Igreja, mas concretizadas e com um toque especial e específico;
– Vivem o acontecimento cristão de modo excepcional. A grande novidade destes movimentos está na recuperação daquelas formas de ser cristão que foram esquecidas pela grande massa de cristãos. Tratam de encarnar na vida a Jesus Cristo, o Senhor, e de testemunhá-Lo desde essa experiência vital;
– Que viva no aqui e agora da Igreja. O rasgo mais característico destes movimentos é que vivem muito encarnados no tempo presente, com uma forte comunhão teológica, afectiva e efectiva com os Pastores, de modo especial com o Papa;
– Empenhados numa nova evangelização. O estar decididos a desempenhar tarefas de nova evangelização deriva do seu encontro existencial com o acontecimento Jesus Cristo, em comunhão com a Igreja.

Dito de outro modo, os novos movimentos são realidades eclesiais, preferentemente laicais, de origem carismática, e com um forte impulso missionário, no seio de uma sociedade secularizada. Nasceram de um fundador com grande personalidade carismática e têm espiritualidade e metodologias específicas. No seu agir, vivem de maneira excepcional o acontecimento originante: Jesus Cristo, empenhados, em Igreja, em anunciá-Lo aqui e agora.

Multiplicidade na Unidade
Perante este fenómeno dos novos movimentos eclesiais e da sua fecunda proliferação pela Igreja universal, podemos afirmar, com João Paulo II, que só é admissível aquela pluralidade que constitui «um hino à unidade».
Este princípio de unidade, que se deve sempre salvaguardar, e que deriva da comunhão na mesma fé, esperança e caridade, obedientes a Cristo e aos Pastores da Igreja; ou seja, pela comunhão no ser e no fazer da Igreja. Está é, indubitavelmente, a melhor chave de classificação dos movimentos e da maturidade dos seus membros.