“Revesti-vos de Cristo”: Uma meditação a partir de uma t-shirt oferecida

No local da confraternização festiva, depois de um Batismo e de uma Primeira Comunhão, cada convidado recebeu, com simplicidade e alegria, uma t-shirt. Não tinha ouro nem púrpura, mas vinha das mãos dos anfitriões como sinal de pertença, de gratidão, de festa partilhada. A t-shirt tinha, no lugar do coração, o desenho dos “festejados”: o José Rafael e o José Miguel! Foi um gesto pequeno e luminoso e, no entanto, profundamente evangélico.

Porque há um lugar nas Escrituras onde se fala de um Banquete. Trata-se de um rei que prepara as bodas do filho, que manda chamar os convidados e, vendo a recusa dos primeiros, estende o convite a todos: pobres, ricos, bons, maus, transeuntes de encruzilhadas. E quando a sala se enche, o olhar do rei repara em alguém: não tem traje nupcial. Não porque não o pudesse comprar, mas porque não o quis vestir.

“Mas, quando o rei entrou para observar os convivas, viu ali um homem que não estava vestido com o traje nupcial. E disse-lhe: “Amigo, como entraste aqui sem teres o traje nupcial?”. Mas ele ficou calado. O rei disse, então, aos serventes: “Atai-lhe os pés e as mãos e lançai-o para as trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes”. Pois muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos»” (Mt 22, 11-14)

É o Evangelho segundo Mateus, capítulo 22. Uma parábola que se abre com o escândalo da graça oferecida a todos e se fecha com a seriedade da resposta pessoal. O traje das bodas não se compra, oferece-se. Fazia parte do convite para a boda, oferecer o traje para a boda: o “traje nupcial”. Mas é necessário aceitá-lo, vesti-lo, deixar-se configurar por ele.

Assim o compreenderam os primeiros autores da Igreja: o traje nupcial é a caridade verdadeira, a veste branca do Batismo, a nova criatura renascida da água e do Espírito. É Cristo mesmo, em cuja morte e ressurreição fomos mergulhados. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27).

E eis que, nesse almoço familiar, onde a fé tinha sido celebrada com os sacramentos do início, um sinal discreto se faz eco desta verdade profunda: ninguém sai sem traje. Os anfitriões — imagem, neste dia, de um Deus que se alegra com os seus filhos — não deixaram que ninguém ficasse de fora do gesto da veste. Uma t-shirt partilhada, comum, é mais do que recordação: é expressão de um dom, de uma pertença, de um lugar na festa.

Neste mundo onde tantos banquetes excluem, contam, hierarquizam e vestem só os eleitos, aqui oferecia-se uma veste simples e igual para todos. Um evangelho de algodão! Um lembrete de que há um Banquete eterno, onde todos são chamados, mas onde se espera o coração vestido de amor. Não se trata de aparência, mas de adesão. Não se trata de ter ou não ter, mas de querer revestir-se da alegria do Reino.

Na leveza de uma t-shirt oferecida, fez-se presente a lógica pascal: a festa é dom e o traje também. Quem acolhe com gratidão o convite e se reveste da veste que lhe é oferecida, já começou a participar das núpcias do Cordeiro.